A economia portuguesa caiu no terceiro trimestre face aos três meses anteriores, sofrendo a primeira contração em cadeia desde a pandemia da COVID-19 e as más notícias podem não ficar por aqui.
Em primeiro lugar é importante entender em que consiste a recessão. Este conceito entende-se como um período contínuo de declínio da taxa de crescimento do Produto (abrandamento do crescimento), do rendimento e do emprego de um país, que dura, em média entre seis meses e um ano, e caracteriza-se pela contração da atividade económica de grande parte dos setores da economia. É frequente ouvir-se o conceito de recessão técnica, que ocorre quando uma economia se encontra em recessão por dois trimestres consecutivos, reduzindo o PIB real durante este período de tempo. Também é de destacar o conceito de depressão que consiste numa recessão prolongada e grave que se traduz numa diminuição da taxa de crescimento da economia, podendo corresponder a um prolongamento de um período de crise.
Com informação ainda escassa sobre como está a correr o quarto trimestre, os economistas dividem opinião entre os que consideram que a economia se vai recompor e os que acreditam que continuará a piorar, à luz do que está a acontecer no resto da Europa, nomeadamente a potência económica Alemanha. Uma nova queda nos últimos três meses do ano colocaria o Produto Interno Bruto (PIB) nacional em recessão técnica. Juros elevados, debilidade da economia europeia e guerra em Gaza são fatores negativos que não estão a ajudar.
A estimativa rápida publicada esta semana pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) indica que o PIB caiu 0,2% no terceiro trimestre em relação aos três meses anteriores, com o crescimento homólogo (ou seja, em relação ao mesmo período do ano passado) a abrandar para 1,9%, ainda a beneficiar do forte arranque de 2023. O problema está na frente externa, indica a informação do INE. “A evolução no terceiro trimestre parece ter sido influenciada pelo abrandamento da economia na área do euro e a desaceleração relativa da procura turística externa”, salienta António Ascensão Costa, professor do ISEG. “O comportamento da economia no terceiro trimestre traduz um impacto mais rápido do que o antecipado da dinâmica externa, em particular das economias da zona euro, região muito importante para as exportações portuguesas e que tem vindo a cortejar a recessão”, destaca, por sua vez, Paula Carvalho, economista-chefe do BPI, lembrando ainda “a paragem temporária da produção da Autoeuropa durante duas semanas no terceiro trimestre”.
Em suma, tanto Portugal como outros países da Europa encontram-se em período de recessão e se no último trimestre do ano a recessão se prolongar poderão entrar em recessão técnica, ou até em depressão.
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